Eusebio ARZALLUS TAPIA

Cualquier dato, indicio, sospecha sobre su paradero; correo electrónico, cuenta en red social; lazos familiares, amistades, teléfono, etc, de miembros de ETA y su entorno.

Moderadores: Mod. 2, Mod. 5, Mod. 1, Mod. 4, Mod. 3

Responder
kilo009
Administrador
Mensajes: 7691
Registrado: 13 Nov 2006 22:29
Ubicación: Foro de Inteligencia
Contactar:

Eusebio ARZALLUS TAPIA

Mensaje por kilo009 »

Se le busca en Venezuela.
Saber para Vencer

Twitter

Facebook
pagano
Jefe de Operaciones
Jefe de Operaciones
Mensajes: 4965
Registrado: 01 Abr 2007 22:30

Re: Eusebio ARZALLUS TAPIA

Mensaje por pagano »

Ha utilizado una serie de alias (Paticorto, Manuel Antonio Larios Moreno). Antiguo miembro del comando MADRID. Llegó a Nicaragua a principios de los 80 bajo la identidad de Manuel Antonio Larios Moreno. Fue asesor del Ministerio del Interior (MINT) bajo el régimen del gobierno sandinista, dirigido entonces por Tomás Borge Martínez, vicesecretario general del FSLN y candidato a diputado por ese partido. Junto a otros etarras que llegaron en distintos momentos a Nicaragua y que fueron acogidos por el gobierno de ese entonces, participó inicialmente en el enfrentamiento a los Contras en las zonas de Jinotega y Matagalpa, donde los etarras efectuaban interrogatorios a los campesinos capturados por sospechas de contrarrevolucionarios. Arzalluz y los etarras fueron integrados posteriormente, a la Dirección Quinta del MINT, la sede de Inteligencia Sandinistas mejor preparada y mejor equipada de ese régimen en la década de los 80, y, tras la derrota electoral de 1990, se dedicó a la construcción de escondrijos de armas para su posterior venta a movimientos guerrilleros de izquierda, principalmente colombianos. Fue el propietario del Taller Santa Rosa, una tapadera para ocultar sus actividades de tráfico de armas y explosivos. El 23 de mayo de 1993, una serie de explosiones en dicho taller desvelaron la verdadera naturaleza de arsenal que tenía el local. Escapó precipitadamente, encontrándose su furgoneta cerca de la frontera con Costa Rica. En el local del taller aparecieron 307 pasaportes de 22 países, así como información sobre empresarios, entre otros, del empresario mejicano Alfredo Harp Helú, que había sido secuestrado unos meses antes. Tras huir del país se sospechó que salió con rumbo a Panamá, donde las mafias del tráfico de armas le ofrecían la clandestinidad requerida. Según se supo posteriormente, Arzalluz estuvo en Colombia, donde instruyó a guerrilleros del castrista ELN de ese país. Para ello montó un complicado sistema de secuestros que, hasta la fecha, no ha podido ser erradicado de Colombia. Es el principal sospechoso de disparar contra dos gendarmes franceses cerca de Astaffort, entre Bayona y Toulouse en noviembre de 1996, hiriendo a uno de ellos. La Policía cree que el terrorista se sintió identificado y acorralado (el día anterior habían detenido a Juan Luis Aguirre Lete quien tenía información sobre todos los miembros legales de la banda) y perdió los nervios, disparando contra los policías.. Se le considera el jefe de logística de ETA en esa época (finales de los 90). Tuvo algún enfrentamiento importante con Juan María Insausti Múgica Karpov, quien le considera su enemigo. Se considera que es miembro del Comité Ejecutivo de la banda, aunque desde hace unos años no se tienen pistas de él. 31-3-13 se le está buscando en Venezuela
Avatar de Usuario
LoboAzul
Jefe de Operaciones
Jefe de Operaciones
Mensajes: 995
Registrado: 12 Jul 2012 18:40
Ubicación: Corea del norte.

Re: Eusebio ARZALLUS TAPIA

Mensaje por LoboAzul »

Dejo en negrita el nombre de Arzallus donde lo citan en este articulo.

Mais um pouco de história sobre a Frente Patriótica Manuel Rodriguez

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

A FRENTE PATRIÓTICA MANUEL RODRIGUEZ (FPMR) foi constituída em 1983, como “braço armado” do PARTIDO COMUNISTA CHILENO (PCCh), com militantes do partido, em sua maioria jovens que, a partir da deposição do presidente SALVADOR ALLENDE, no CHILE, em 11 de setembro de 1973, receberam formação militar em CUBA, BULGÁRIA e ALEMANHA ORIENTAL.
Cerca de 200 jovens a partir de meados de 1974 passaram a cursar Escolas Militares cubanas, recebendo, ao término, o grau de oficiais do Exército de CUBA (FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS). Antes de regressarem clandestinamente ao CHILE, cerca de 70 lutaram na NICARÁGUA, a partir de 1979, ao lado das forças da FRENTE SANDINISTA, contra os chamados “Contra-Revolucionários”. Após a tomada do poder pelos sandinistas, muitos passaram a integrar o aparelho de Inteligência do novo governo.
A decisão de transformar os jovens comunistas chilenos em um “Exército” foi tomada a partir de uma proposta do próprio presidente FIDEL CASTRO, feita em meados de 1974 e aceita por VOLODIA TEINTELBOIM, membro do Comitê Central do PARTIDO COMUNISTA CHILENO, então exilado em MOSCOU/URSS, que respondia pela direção do partido, uma vez que o Secretário-Geral LUIS CORVALAN estava preso na ilha de DAWSON, no CHILE. Esse “Exército”, braço armado do PARTIDO COMUNISTA CHILENO, recebeu a denominação de FRENTE PATRIÓTICA MANUEL RODRIGUEZ (FPMR).
Concluída a missão na NICARÁGUA, a maioria desses novos “Oficiais” regressou clandestinamente ao CHILE, onde, no período de 4 anos - de 1983 a 1987 - a FPMR foi responsável por cerca de 7 mil atentados, assaltos, seqüestros, mortes e “justiçamentos”.
Em setembro de 1987 a FRENTE PATRIÓTICA MANUEL RODRIGUEZ tornou-se autônoma, desligando-se do PCCh, pois os jovens “Oficiais” passaram a não aceitar ficar subordinados a um Comitê Central sem formação militar e constituído por veteranos marxistas-leninistas ortodoxos alheios aos “novos tempos”. A FPMR, porém, sempre manteve seus laços com a Inteligência Cubana.
A partir de então, a “nova” FPMR passou a realizar diversas ações espetaculares como o seqüestro do Cel do Exército CARLOS CARREÑO, em SET 1987 (posteriormente libertado em SÃO PAULO, o que significa que já nessa época existia uma estrutura de apoio à organização no BRASIL); o atentado à vida do general PINOCHET (Operação Século XX), em 7 de setembro de 1987, ocasião em que 5 seguranças do presidente foram mortos e 10 ficaram feridos; o assassinato do senador JAIME GUZMAN, em 01 de abril 1991, quando saía da Universidade Católica, onde era professor; e o seqüestro de CHRISTIAN EDWARDS DEL RIO, em 2/9//1991, filho do proprietário do jornal “El Mercurio”, dentre outras.
Em dezembro de 1996, integrantes da FPMR, com auxílio de militantes do EXÉRCITO REPUBLICANO IRLANDÊS (IRA), resgataram de helicóptero quatro militantes de uma penitenciária de alta segurança, em SANTIAGO/CHILE, abaixo identificados de acordo com os dados da época:
- MAURICIO HERNANDEZ NORAMBUENA, 43 anos (em 2002), integrante da direção da FPMR e conhecido no CHILE como “comandante RAMIRO”. Também utiliza os nomes de “comandante Ferdinando”, “Pepe”, “Rolando” e “Abuelo”. Nasceu em VALPARAISO/CHILE; seu pai era biólogo e militante socialista e seu avô era general dos Carabineiros. Foi preso em 1993 na cidade de CURANILAHUE/CHILE, sendo condenado duas vezes à prisão perpétua pelo assassinato do senador JAIME GUZMAN e pelo seqüestro de CHRISTIAN EDWARDS DEL RIO. O militante RAFAEL ESCORZA, que participou desse seqüestro, é o único que se encontra preso. NORAMBUENA era, então, considerado o segundo homem da Organização, só recebendo ordens de GALVARINO SERGIO APABLAZA GUERRA (“comandante Salvador”), formado em uma Escola Militar cubana com o posto de “Coronel”.
NORAMBUENA também está vinculado aos assassinatos de coronel LUIS FONTAINE e do agente de segurança ROBERTO FUENTES MORRISON. Todos esses atentados e os seqüestros posteriores foram planejados com a assessoria da Inteligência Cubana. .Segundo dois parlamentares chilenos que estiveram em CUBA, em 1997, em uma reunião interparlamentar, MAURICIO HERNANDEZ NORAMBUENA e RICARDO PALMA SALAMANCA (foragidos do cárcere em DEZ 1996), estavam em CUBA. Nessa época, também a polícia chilena descobriu que mais de 20 chamadas telefônicas entre ambos e suas famílias, no CHILE, tiveram origem em CUBA.
Segundo o site do DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA, referente ao item “Terrorismo em 1997”, as irmãs CHRISTINE e FRANCES SHANON, que participaram da ação que propiciou a fuga de NORAMBUENA e outros de um presídio chileno, teriam viajado de SANTIAGO para SÃO PAULO logo após a operação, em 30 DEZ 1996, mesmo dia da fuga.
- RICARDO PALMA SALAMANCA, (“El Negro”), 27 anos, que ingressou na FPMR aos 16 anos, foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato do senador GUZMAN e pelo seqüestro de CHRISTIAN EDWARDS DEL RIO. Outras condenações referem-se aos assassinatos do Coronel Carabineiro LUIS FONTAINE (15 anos de prisão) e do Suboficial do Exército VICTOR VALENZUELA MONTESINOS (prisão perpétua), este integrante da escolta do então presidente PÍNOCHET;
- PABLO MUÑOZ HOFMANN, sentenciado a 20 anos de prisão por tentativa de assalto, resistência à prisão e por haver sido encontrado portando uma das armas utilizadas no atentado que feriu gravemente o general GUSTAVO LEIGH;
- PATRICIO ORTIZ MONTENEGRO, condenado a 10 anos de prisão pelo assassinato de um carabineiro e por haver participado de outra ação de fuga de vários membros da FPMR de uma penitenciária chilena. PATRICIO foi detido em 1997, em ZURICH/SUIÇA, onde havia solicitado asilo político. Na oportunidade, o governo chileno pediu a sua extradição, que não foi concedida.
Durante as investigações, as autoridades divulgaram os retratos-falados de quatro dos cinco integrantes do comando da operação de fuga do presídio em SANTIAGO: duas mulheres e dois homens.
O elemento que alugou e, durante a ação, assumiu o comando do helicóptero aparentava a idade entre 36 a 40 anos, cabelos e olhos pretos, 1,74 m, corpo atlético, barba, e pele morena. Anteriormente, esse indivíduo havia adquirido um automóvel Lada. De acordo com a documentação de venda do veículo, seria o argentino LUIS CARLOS DISTÉFANO, que utilizou, no CHILE, várias outras identidades. Coincidentemente, no caso OLIVETTO, um dos imóveis utilizados pelos seqüestradores teria sido também alugado por um argentino.

Sobre as duas mulheres, das quais uma aparentava 40 a 46 anos, 1,60 m de estatura, gorda, cabelos louros, olhos azuis, de cor branca, que se apresentava com documentação irlandesa, seriam as irmãs CHRISTINE e FRANCES SHANNON, naturais da IRLANDA. Acrescente-se a participação de uma terceira mulher no referido grupo, que aparentava entre 25 e 30 anos, 1,75 de altura, cabelos castanhos escuros, cor branca e olhos castanhos, provavelmente argentina, acompanhante de LUIZ DISTÉFANO. Destaca-se que os nomes das irlandesas, segundo a Polícia inglesa, correspondem a duas integrantes do EXÉRCITO REVOLUCIONÁRIO IRLANDÊS (IRA), bem como suas fotos seriam muito semelhantes aos retratos falados divulgados no Chile.

O Serviço de Inteligência chileno comparou o “modus operandi” de DISTÉFANO com o de CESAR BUNSTER, da FPMR, na chamada “Operação Século XX”, da qual também participou NORAMBUENA. Naquela oportunidade, BUNSTER também foi a “cara visível” da operação e, após o preparo detalhado da ação, abandonou o país, exatamente como ocorreu com DISTÉFANO e as duas mulheres irlandesas.
Deve ser recordada também a semelhança com o que ocorreu quando do seqüestro do empresário ABILIO DINIZ, em dezembro de 1989, em SÃO PAULO, quando RENE VALENZUELA BEJAS (“Gato”,”Gabriel”), apontado como o planejador e partícipe da própria ação de seqüestro, na rua, abandonou o Brasil antes de a vítima haver sido libertada pela polícia. VALENZUELA era, então, um dos dirigentes do MOVIMIENTO DE IZQUERDA REVOLUCIONÁRIA (MIR) e responsável pela “busca de solidariedade no exterior”; é casado com SILVIA HERNANDEZ (um dos sobrenomes de MAURÍCIO HERNANDEZ NORAMBUENA). Em JAN 1992 VALENZUELA foi preso em MADRI/ESPANHA, junto a três outros chilenos, acusado de participação em seqüestros de executivos naquele país e de manter ligações com a organização separatista espanhola ETA BASCA.
Outra coincidência operacional refere-se à fuga de três dirigentes do IRA, no ano de 1973, em DUBLIN/IRLANDA. Foram resgatados de uma prisão com o uso de um helicóptero e de franco-atiradores, por volta das 15:00 horas. Situação semelhante à fuga da penitenciária chilena, em dezembro de 1996, que ocorreu no mesmo horário e da mesma forma.
Em 08 de abril de 2001, durante uma reunião internacional realizada em CUBA, conforme já assinalado, dois parlamentares chilenos que dela participavam declararam que dois dos fugitivos do cárcere chileno, o “El NEGRO” e o “comandante RAMIRO”, viviam na ilha sob a proteção do Estado cubano. Aduziram, ainda, que vivia na ilha JUAN MARCO GUTIERREZ FISCHMANN (“El Chele”), autor intelectual do assassinato do senador GUZMAN, que foi casado, até 1990, com uma filha de RAUL CASTRO (irmão de FIDEL CASTRO), de nome MARIELA CASTRO SPIN (com a qual tem uma filha) tornando-se, então, membro da Inteligência Cubana. “El Chele” encontra-se foragido do CHILE. “El Chele”, junto com GALVARINO SÉRGIO APABLAZA GUERRA (“Cmt Salvador”), MAURÍCIO HERNANDEZ NORAMBUENA (“Cmt Ramiro”) e RAUL ESCOBAR POBLETE (“Cmt Emilio”) compõem a cúpula da FPMR.
Mais um ponto semelhante entre os seqüestros de OLIVETTO, de DINIZ e de dois outros publicitários e um banqueiro, ocorridos em SÃO PAULO, refere-se à modalidade do primeiro contato com as famílias das vítimas, feitos por intermédio de cartas, acompanhadas de ramos de flores. No caso de ABÍLIO DINIZ, a pessoa que comprou as flores foi identificada como MARIA IVONE BRAECKMAN e, no caso de OLIVETTO, os jornais noticiaram que um membro da quadrilha seria uma mulher de nome MARIA IVONE. Essa mulher seria a que contratou um moto-boy que levou à esposa de OLIVETTO, um ramo de flores, o relógio de OLIVETTO e um cartão dando conta do seqüestro e exigindo um resgate de US$ 10 milhões. Outra mulher, com cerca de 30 anos, foi vista em companhia de MARIA IVONE BRAECKMAN num flat, nos Jardins. Essa mulher foi posteriormente identificada por foto como NAILA TALUÁ TOSTA DE FREITAS, brasileira, que teve uma sua fotografia apreendida quando do seqüestro de ABILIO DINIZ, não tendo sido identificada na época.
Quando do seqüestro de ABILIO DINIZ, as agendas apreendidas com os seqüestradores possibilitaram a identificação dos nomes completos de 52 (cinqüenta e duas) pessoas, a maioria de nacionalidade brasileira. Todas já haviam passado por CUBA. Também, em um dos hotéis onde estava hospedado e foi preso um dos chilenos participante do referido seqüestro, estavam hospedados os cubanos OSCAR ANTONIO RODRIGUEZ, UMBERTO ORTIZ MENDEZ, ISIDRO RAMON PEREZ, WALDO SANLISO e LAZARO RODRIGUEZ PIÑERA, que logo deixaram o BRASIL com destino a HAVANA/CUBA, cuja possível relação com o seqüestro não teria sido devidamente apurada.
Posteriormente, diversos analistas internacionais concluíram que o seqüestro do empresário ABILIO DINIZ havia sido, na realidade, uma “operação” montada pelo Serviço de Inteligência Cubano, coordenada pessoalmente por MANUEL PIÑERO LOSADA, então chefe do DEPARTAMENTO AMÉRICA (DA), órgão de Inteligência do Comitê Central do PC Cubano, com a finalidade de arrecadar fundos destinados às guerrilhas ainda existentes na AMÉRICA LATINA, em face da escassez de recursos decorrente do desmantelamento do socialismo no Leste Europeu, que pôs um fim ao fluxo do chamado “ouro de MOSCOU”.
Escritores e cientistas políticos atribuíram a autoria do seqüestro de DINIZ e de delitos congêneres ocorridos em outros países, a ex-revolucionários do CONE SUL que atuavam em benefício da arrecadação de fundos destinados ao financiamento e autogestão do DA. Segundo esses analistas, o DA planejava as operações, transferia o armamento necessário para o país alvo e remetia a importância arrecadada para CUBA. Para tanto, eram utilizadas malas diplomáticas.
A partir de setembro de 1983, quando o PC Chileno se militarizou, com a criação da FRENTE PATRIÓTICA MANUEL RODRIGUEZ, os vínculos dessa organização com HAVANA passaram a ser feitos à margem de MANUEL PIÑERO, através do Ministério do Interior e das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), uma vez que os principais líderes e a maioria dos membros da FPMR haviam sido formados como oficiais nas academias do Exército cubano e, portanto, tinham maiores afinidades com esses dois órgãos.
Entretanto, um dos fatos que mais afetou negativamente a chefia de PIÑERO no DA foi a cisão ocorrida no MIR em 1987. Tentando evitá-la, realizou em sua própria casa, em HAVANA, diversas reuniões com dirigentes desse grupo, todas infrutíferas. O MIR, que mesmo durante o governo ALLENDE já realizava ações armadas, sempre foi considerado a “menina dos olhos” de PIÑERO.
Finalmente, o poder de PIÑERO começou a sofrer danos com o fortalecimento dos “Contras”, na NICARÁGUA, o fim da guerrilha em EL SALVADOR, mediante um acordo de paz e, fundamentalmente, pela queda do bloco soviético, nos anos 1989, 1990 e 1991.
A crise econômica de CUBA, somada à nova política de boa vizinhança destinada a fortalecer os laços comerciais com países do OCIDENTE, levaram MANUEL PIÑERO LOSADA a buscar o autofinanciamento de suas operações no continente. Em 1987 eram conhecidas, pelos Serviços de Inteligência ocidentais, suas relações com 27 grupos guerrilheiros. Com os chefes logísticos dessas organizações de sua maior confiança PIÑERO organizou uma rede que objetivava criar um fundo comum mediante seqüestros de empresários e assaltos a bancos. Com essa finalidade foram realizadas ações no MÉXICO, BRASIL e PANAMÁ, fundamentalmente de seqüestros de pessoas.
O primeiro a divulgar essas atividades foi o cientista político mexicano JORGE CASTAÑEDA, que foi Ministro do Exterior do MÉXICO, através de seu livro “A Utopia Desarmada”, editado no BRASIL em 1994. O livro, nas páginas 67, 405 e 406, revela os vínculos de MANUEL PIÑERO LOSADA com os seqüestradores do empresário ABILIO DINIZ, seqüestro “atribuído a ex-revolucionários do Cone Sul que atuavam por conta própria”, bem como com os autores de outros delitos, como o seqüestro de um empresário, no MÉXICO, em 1990, para “financiamento e autogestão do DA”. Esses teriam sido os motivos fundamentais para a queda de PIÑERO da chefia do DA em 24 de fevereiro de 1992. Na página 67, CASTAÑEDA assinala que “o DA planejava as operações, transferia as armas necessárias para o país em questão e expedia o dinheiro a Cuba pela mesma via”, tudo através das malas diplomáticas.
Todavia, JORGE CASTAÑEDA não foi o único a escrever sobre o assunto. A jornalista canadense ISABEL VINCENT, em seu livro “Uma Questão de Justiça”, lançado simultaneamente no BRASIL e no CANADÁ em maio de 1995, assim escreveu sobre o casal de canadenses que participaram do seqüestro de ABILIO DINIZ: “Os dois canadenses faziam parte de uma rede mundial de seqüestros. O cartel teria ramificações em mais de 12 países, incluindo terroristas do grupo separatista basco ETA”.
A propósito dessa afirmação, recorde-se a explosão de um bunker, em 23 de maio de 1993, em MANÁGUA/NICARÁGUA, onde além de grande quantidade de armamento e munição, foram encontrados inúmeros documentos, como passaportes, cédulas de identidade, de motorista, microfilmes e listas de pessoas de diversos países, consideradas “seqüestráveis”, bem como descrições de rotas de entrada e saída do BRASIL e até levantamento de quartéis. Um total de 306 documentos de viagem (passaportes em branco da INGLATERRA, EUA, VENEZUELA, EL SALVADOR, ALEMANHA, GRANADA, ITÁLIA e SUIÇA), cartões de crédito falsificados, falsas credenciais de imprensa, 86 carimbos de visto de entrada e saída de diversos países, além de anotações de como entrar nesses países “pela porta dos fundos” (no BRASIL, por exemplo, pela AMAZÔNIA e FOZ DO IGUAÇU). Junto a todo esse material, foram encontrados dois passaportes pertencentes ao casal de canadenses. O responsável por esse bunkerera um dirigente da ETA BASCA e integrante do aparelho de Inteligência sandinista, identificado como EUSÉBIO ARZALLUS TAPIA, portador de enorme ficha criminal e procurado em toda a EUROPA há vários anos.
Anteriormente, também os jornalistas franceses JEAN PIERRE FOGEL e BERTRAND ROSENTHAL, autores do livro “Fin de Siglo en Havana”, lançado em BOGOTÁ, QUITO e CARACAS em 1994, dedicaram um capítulo ao seqüestro de ABILIO DINIZ. Nesse capítulo consta o seguinte: “Em Cuba, espera-se, antes de tudo, que a polícia não detenha - e não o logrará – os dois últimos cúmplices que fogem, pois isso permitiria chegar até o Departamento América do Comitê Central. MANUEL PIÑERO, por meio de seu chefe de Operações, ARMANDO CAMPOS GINESTA, confiou essa operação ao argentino UMBERTO EDUARDO PAZ, codinome“Juan”, formado, assim como seus companheiros, em CUBA. Os dois homens que fogem contribuíram com uma inversão inicial: a informação e a logística, em troca da repartição tradicional do resgate”.
A partir desses antecedentes passaremos a abordar o seqüestro de WASHINGTON OLIVETTO. Ele foi seqüestrado em 11 Dez 2001, em SÃO PAULO, na rua, quando seu carro blindado foi parado numa falsa blitz, com os seqüestradores utilizando coletes da Polícia Federal. A Polícia paulista, em O2 de fevereiro de 2002 (um sábado, pela manhã), prendeu cinco integrantes da quadrilha que perpetrou o seqüestro, em uma casa alugada, em SERRA NEGRA, cerca de 150 km da cidade de SÃO PAULO. Inicialmente, apenas um dos detidos foi plenamente identificado, o chileno MAURÍCIO HERNANDEZ NORAMBUENA, apontado como chefe do grupo, que se apresentou como “comandante Ferdinando”. Os demais acusados são de diferentes nacionalidades. Com os mesmos foi apreendido um auto Ford Ranger azul, adquirido no dia anterior em uma agência em BELO HORIZONTE/MG, por um casal que se apresentou como sendo da ESPANHA.
O jornal FOLHA DE SÃO PAULO de 29 de janeiro de 2002 especulou que OLIVETTO, no cativeiro, ouvira a voz de uma mulher falando em português.
Os terroristas presos junto com MAURÍCIO HERNANDEZ NORAMBUENA, dia 27 de janeiro de 2002, na casa em SERRA NEGRA/SP, foram os seguintes:
“RUBEM OSCAR SANCHEZ”, 30 anos, argentino, posteriormente identificado como ALFREDO CANALES MORENO, chileno. Segundo a polícia chilena, CANALES MORENO seria membro do MIR, grupo que em 1989 seqüestrou ABILIO DINIZ. Sabe-se, no entanto, que ALFREDO CANALES MORENO, em 1991, passou a militar em uma dissidência do MIR, o EXÉRCITO GUERRILHEIRO DOS POBRES-PÁTRIA LIVRE (EGP-PL).
“CARLOS RENATO QUIROZ”, 28 anos, argentino, posteriormente identificado como sendo o chileno MARCOS ANTONIO RODOLFO RODRIGUEZ ORTEGA. Sua mãe, militante do MIR, cumpriu pena de 20 anos no Chile.
“MAITÉ AMÁLIA BELLON”, 23 anos, argentina, posteriormente identificada como MARTHA LIGIA URREGO MEJIA, colombiana.
“FREDERICO ANTONIO ARIBAS”, 30 anos, argentino, posteriormente identificado como WILLIAM GAONA BECERRA, colombiano.
“ROSA AMALIA RAMOS QUIROZ”, 37 anos, espanhola, posteriormente identificada como KARINA DANA GERMANO LOPEZ, argentina, naturalizada espanhola.
Segundo a imprensa publicou, foram identificados, por fotos e retratos-falados, outros participantes do seqüestro, que estão foragidos:
PATRICIO ORTIZ MONTENEGRO, chileno, foragido do cárcere de alta segurança, no CHILE, juntamente com NORAMBUENA.
RICARDO PALMA SALAMANCA, chileno, foragido do cárcere de alta segurança, no CHILE, juntamente com NORAMBUENA. Participou do assassinato do senador JAIME GUZMAN e de uma série de outros atentados.
PABLO ALBERTO MUÑOZ HOFMANN, chileno, foragido do cárcere de alta segurança em SANTIAGO/CHILE. Reconhecido em uma das fotos apreendidas no apartamento alugado em SANTOS/SP por NORAMBUENA. Participou, no CHILE, do assassinato do coronel LUIS FONTAINE, juntamente com RAUL JULIO ESCOBAR POBLETE (“comandante Emilio”).
RAUL JULIO ESCOBAR POBLETE (“comandante Emilio”), chileno, 39 anos, identificado por fotografias em um passaporte e em uma cédula de identidade encontrados na casa de SERRA NEGRA, Teria sido o carcereiro, juntamente com outras 3 pessoas, do cativeiro de WASHINGTON OLIVETTO. Anteriormente, no CHILE, participou do assassinato do senador JAIME GUZMAN e foi o organizador da fuga de NORAMBUENA e outros do cárcere, em SANTIAGO, em DEZ 1996 (foi ele que, a bordo do helicóptero, teria disparado com um fuzil M-16 sobre os guardas do presídio), participou do assassinato do coronel LUIS FONTAINE. No CHILE nunca foi preso. Sua mulher, MARCELA EUGÊNIA MARDONES ROJAS (“Ximena”), também militante da FPMR, na época aluna da Universidade Católica, foi a encarregada de levantar os passos do senador JAIME GUZMAN, professor naquela Universidade. Segundo os policiais chilenos que, em SÃO PAULO, acompanharam as investigações, o “comandante Emilio”, na hierarquia da FPMR, teria um cargo superior ao de MAURICIO HERNANDEZ NORAMBUENA.
ALFREDO EDUARDO ZAMBRANO HERNANDEZ, sem antecedentes no CHILE, também teria sido identificado, por foto, em documentos pessoais apreendidos na casa de SERRA NEGRA. É acusado de ter sido o tesoureiro da ação de seqüestro. Consta ter viajado do CHILE para a ARGENTINA em novembro de 2000. Tem entre 30 e 35 anos. É irmão de criação de MARITZA ADRIANA JARA HERNANDEZ, militante da FPMR, foragida. (dados publicados pelo jornal chileno “LA TERCERA” em 14 de fevereiro de 2002).
Antes de entrar no Brasil, NORAMBUENA esteve na ARGENTINA, onde vive sua companheira, a chilena LORENA ASTORGA, ex-porta-voz da FPMR.
Foi apurado que os seqüestradores de WASHINGTON OLIVETTO – assim como a maioria dos que seqüestraram ABILIO DINIZ, em 1989 - teriam entrado no BRASIL pela “porta dos fundos”, ou seja, por FOZ DO IGUAÇU.
O cativeiro de WASHINGTON OLIVETTO funcionou em um apartamento localizado na rua Kansas, bairro do Brooklin, cidade de SÃO PAULO, alugado em 20 de fevereiro de 2001. O contrato teria sido firmado pelo prazo de um ano e o aluguel era de 650 reais por mês, tendo sido pagos 3 meses adiantadamente. O locador foi um indivíduo que se apresentou como MIGUEL ARMANDO VILABELA, natural de CÓRDOBA/ARGENTINA, engenheiro eletrônico. Junto com ele, outro casal passou a ocupar o apartamento. Quando esse apartamento foi alugado, VILABELA disse estar hospedado no Flat Batatais. Os três deixaram o local antes de OLIVETTO ser encontrado pela Polícia. No apartamento, a Polícia arrecadou um computador, uma secretária eletrônica e outros materiais.
WASHINGTON OLIVETTTO foi encontrado pela Polícia às 22:40 h desse mesmo dia 02 de fevereiro de 2002, nesse apartamento, já abandonado pelos seqüestradores, devido a um telefonema dado por NORAMBUENA, autorizado pelo delegado que o prendeu (forma mais rápida de saber onde se encontrava OLIVETTO), face ao rastreamento desse telefonema e, também, à denúncia de uma vizinha do cativeiro, dizendo que ouvia gritos de socorro.
Dados divulgados pela imprensa indicam que das duas mulheres foragidas, uma seria a gaúcha MARIA IVONE BRAECKMAN, que foi reconhecida por uma testemunha como a pessoa que enviou flores à família de OLIVETTO, acompanhando um bilhete dando conta do seqüestro. Quando dos seqüestros de ABILIO DINIZ e dos publicitários LUIZ SALLES e GERALDO ALONSO, MARIA IVONE cumpriu tarefa idêntica.
Segundo esses dados, ENI, brasileira, mãe de MARIA IVONE, na década de 60 era sindicalista e militante comunista. Após a Revolução de março de 1964, fugiu para o URUGUAI e, depois, viajou para CUBA, onde trabalhou até 1988 na RÁDIO HAVANA. Antes de regressar ao Brasil, com a mãe, MARIA IVONE, então com 24 anos casou-se com um militante do MOVIMIENTO DE IZQUIERDA REVOLUCIONÁRIA (MIR), do qual já estaria separada desde a época do seqüestro de ABILIO DINIZ. Esses dados contém uma incorreção, uma vez que os antecedentes acima transcritos referem-se à brasileira NAILA TALUÁ TOSTA DE FREITAS, também participante dos seqüestros de ABILIO DINIZ e WASHINGTON OLIVETTO, filha de ENI TALUÁ TOSTA DE FREITAS, como se verá adiante.
Posteriormente, a polícia paulista divulgou 4 (quatro) retratos falados dos seqüestradores que vigiaram OLIVETTO no cativeiro. Três desses retratos revelam traços fisionômicos semelhantes com RICARDO PALMA SALAMANCA e PABLO MUÑOZ HOFMANN (fugitivos do cárcere, em Santiago) e com MIGUEL ARMANDO VILABELA, que alugou um dos apartamentos utilizado pelo bando. Este último poderia ser PATRICIO ORTIZ MONTENEGRO, dado como exilado na SUIÇA.
Prosseguindo as investigações, a Polícia localizou mais duas bases operacionais do bando: uma na rua Santa Madalena 320/81, no bairro BELA VISTA, freqüentado por 9 pessoas: 7 homens e 2 mulheres. Tal apartamento foi alugado por “FREDERICO ANTONIO ARIBAS” (na verdade WILLIAM GAONA BECERRA) em setembro de 2001. Esse apartamento teria sido abandonado em dezembro de 2001; e outra base na cidade de SANTOS/SP, esta alugada por NORAMBUENA, devido a reconhecimento fotográfico. Com essas descobertas, subiu para 5 (cinco) o número de locais utilizados pelos seqüestradores. Os outros são o cativeiro, na rua Kansas, no Brooklin, o sítio em Serra Negra e o apartamento da rua Luiz Góes.
Especula-se que a quadrilha teria pelo menos de 15 a 20 pessoas e que a base de operações da FPMR na AMÉRICA LATINA é no URUGUAI, camuflada sob o nome de uma Organização Não-Governamental.
Acredita-se que na operação de seqüestro tenha sido investida a quantia de U$ 100 mil.
Em 07 de fevereiro de 2002, a imprensa especulou que 2 (dois) participantes do seqüestro, foragidos, teriam sido identificados como RICARDO PALMA SALAMANCA e PATRICIO ORTIZ MONTENEGRO (ambos fugitivos do cárcere de alta segurança, no CHILE, em DEZ 1996, de helicóptero).
Também em 7 de fevereiro de 2002, o jornal colombiano “EL ESPECTADOR” publicou declarações de CESAR QUIROZ, membro da FRENTE PATRIÓTICA MANUEL RODRIGUEZ. Ele afirmou que o grupo que seqüestrou WASHINGTON OLIVETTO tem ligação com as FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA (FARC) e outras organizações insurgentes latino-americanas; que os membros da FPMR receberam treinamento em espionagem, manejo de armas e táticas guerrilheiras em CUBA e na BULGÁRIA, no tempo em que apoiaram o MOVIMENTO SANDINISTA e lutaram na NICARÁGUA; que as organizações revolucionárias terroristas que operam na AMÉRICA LATINA encaram o BRASIL como um lugar perfeito para cometer seqüestros, assaltos e outros delitos que permitam arrecadar dinheiro que financiam suas atividades políticas. “O BRASIL é melhor porque há pessoas com muito dinheiro e com um sistema frágil de segurança, além de que existem brechas nas leis”, concluiu CESAR QUIROZ.
Até 15 de fevereiro de 2002, a situação dos envolvidos no seqüestro era a seguinte: presos 3 (três) chilenos, 2 (dois) colombianos e uma argentina naturalizada espanhola. Identificados – ou parcialmente identificados - e foragidos: 5 (cinco) chilenos e 2 (duas) brasileiras, num total de 13 (treze) pessoas.
Considerando-se a quantidade de imóveis alugados, estima-se em 15 (quinze) a 20 (vinte) o número de seqüestradores.
Finalmente, em 24 de fevereiro de 2002, foi confirmada a identificação da gaúcha NAILA TALUÁ TOSTA DE FREITAS, 42 anos, no seqüestro de WASHINGTON OLIVETTO e também no seqüestro de ABILIO DINIZ. NAILA é filha de ENI TALUÁ TOSTA DE FREITAS, que foi militante da VAR-PALMARES, banida do território nacional no ano de 1970, quando NAILA tinha apenas 13 anos. Ambas viveram no URUGUAI, CHILE e CUBA. Ao jornal “ZERO HORA”, ENI declarou que NAILA voltando de uma viagem a CUBA em 1989, havia passado por SÃO PAULO. Segundo a polícia paulista, uma foto de NAILA foi reconhecida por testemunhas do caso OLIVETTO e também, anteriormente, por testemunhas do caso ABILIO DINIZ, com tendo sido a mulher que adquiriu a Caravan utilizada no seqüestro, bem como por uma receita de óculos encontrada no cativeiro de DINIZ, tendo a oftamologista reconhecido, na época, sua foto, embora sem que NAILA fosse identificada.
Malgrado as insistentes declarações oficiais do Estado cubano negando que MAURÍCIO HERNANDEZ NORAMBUENA tenha estado em CUBA após fugir do cárcere em SANTIAGO em DEZ 1996 (“Ninguém com esse nome esteve em CUBA”, dizem as autoridades cubanas), a Polícia de SÃO PAULO revelou que NORAMBUENA possuía em um dos dois passaportes falsos que portava (um chileno e outro argentino), um visto cubano. NORAMBUENA possuía também uma falsa identidade argentina. O visto cubano, do ano de 1994, constava do passaporte chileno. Nesse passaporte, além da passagem por CUBA, estão registradas viagens à VENEZUELA, à ARGENTINA e entradas no BRASIL nos anos de 1990 e 2000.
O jornal chileno “LA TERCERA” (um jornal que vem demonstrando ser muito bem informado sobre as atividades de grupos terroristas no CHILE), na edição de 15 de fevereiro de 2002 especula que outros comandantes guerrilheiros da FRENTE PATRIÓTICA MANUEL RODRIGUEZ teriam participado do seqüestro de WASHINGTON OLIVETTO. Seriam GALVARINO SERGIO APABLAZA GUERRA (“comandante Salvador” e “Compay” – compadre, em espanhol, devido à sua simpatia) e RAUL JULIO ESCOBAR POBLETE (“comandante Emilio”). Segundo o “LA TERCERA”, a formação militar de APABLAZA em CUBA, na ACADEMIA MILITAR DE CIENFUEGOS, o fez portador de uma sólida base ideológica e permitiu que passasse a ter fortes vinculações com o regime e os Serviços de Inteligência cubanos. Dessa forma, prossegue o “LA TERCERA”, parece implausível que as autoridades cubanas desconhecessem as últimas atividades da FPMR, mesmo porque MAURICIO HERNANDEZ NORAMBUENA e RICARDO PALMA SALAMANCA, ao fugirem do cárcere de alta segurança, em SANTIAGO, em 30 de dezembro de 1996, refugiaram-se em CUBA, onde já vivia GALVARINO SERGIO APABLAZA GUERRA.
Ademais, já está suficientemente caracterizado que foi o Serviço de Inteligência Cubano que, no final dos anos 80, após a derrota definitiva da luta armada no CHILE, quem organizou, supervisionou e deu assessoramento ao MIR e à FPMR, uma custosa “mão de obra ociosa”, totalmente “queimada”, impossibilitada, portanto, de “se integrar à produção”, segundo o jargão marxista. Militantes desses grupos, desde então, passaram a realizar “ações de sobrevivência”, especialmente seqüestros, não apenas no BRASIL, mas também no MÉXICO e PANAMÁ, buscando fundos financeiros que permitissem manter seus inúmeros militantes na clandestinidade. Considerando o fim do fluxo do chamado “Ouro de Moscou”, parte do dinheiro obtido nessas ações era repassado ao Serviço de Inteligência de CUBA.
O “LA TERCERA” especula também que policiais brasileiros mencionaram um chileno de codinome “Vietnamita” como participante do seqüestro de OLIVETTO. “Vietnamita” trata-se do codinome utilizado por LUIS ALBERTO MORENO CORRÊA, militante da FPMR, fugitivo de uma penitenciária, em SANTIAGO/CHILE, em 1992.
Por fim, outro jornal chileno, o “LA SEGUNDA”, em 15 de fevereiro de 2002 publicou trechos de um caderno apreendido no cativeiro de OLIVETTO, que relatava todas as atividades dos carcereiros com relação ao seqüestrado. As anotações nesse caderno, com 39 páginas escritas, tiveram início em 21 de janeiro de 2002. As caligrafias e ortografias correspondem a pelo menos 4 (quatro) pessoas, identificadas pelos codinomes de “Cristian”, “Julio”, “Papi” e um não identificado. “Cristian” é claramente chileno. Os demais escreveram em “portunhol”. No caderno há alguns comentários, escritos à margem, indicando que alguém, superior aos carcereiros, o revisava regularmente.
Outro detalhe é que o imóvel da rua Kansas, que serviu de cativeiro para WASHINGTON OLIVETTO, de propriedade do casal LUIZ CLAUDIO MATARAZZO e MILENA MARTINELLI DE FREITAS, que estão em processo de desquite em uma ação na 38ª Vara Cível, estava desalugado, mas “emprestado” por LUIZ CLAUDIO MATARAZZO a um argentino, sociólogo, de nome EDUARDO NORBERTO FLEMING. Antes disso, o imóvel estava fechado com uma placa de “aluga-se”, com o celular, para contatos, de nº 99727003. Uma ordem judicial de constatação de aluguel teria sido expedida na sexta-feira (25 de janeiro de 2001), antes de OLIVETTO ter sido libertado no dia seguinte. O Oficial de Justiça iria ao cárcere na segunda-feira, 28 de janeiro de 2001. Sobre o assunto há duas hipóteses: ou LUIZ CLAUDIO MATARAZZO emprestou o imóvel a quem não conhecia (portanto, conhecia, ou conheceu, pelo menos um dos seqüestradores), ou alugou o imóvel por 6 (seis) meses a um desconhecido e enganou a mulher litigante, levando o dinheiro do aluguel “por fora”. Foi apurado também que os seqüestradores passearam de barco no litoral. Por coincidência, LUIZ CLAUDIO MATARAZZO é o vice-presidente da ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE VELEJADORES.
Em 15 de março de 2002 a Polícia de SÃO PAULO divulgou os retratos falados de 2 (dois) novos suspeitos de envolvimento no seqüestro, com os nomes de FRANCISCO BERISSA e SERGIO ROMANO. Ambos freqüentavam a mesma academia de ginástica com o colombiano WILLIAM GAONA BECERRA, e residiam em um apartamento próximo à Academia. Eles têm cabelos escuros e aparentam ter entre 25 e 28 anos e poderiam ser colombianos. Com esses dois, sobe para 9 (nove) o número de suspeitos foragidos (os chilenos RICARDO PALMA SALAMANCA, PATRICIO ORTIZ MONTENEGRO, RAUL JULIO ESCOBAR POBLETE, ALFREDO EDUARDO ZAMBRANO HERNANDEZ, GALVARINO SERGIO APABLAZA GUERRA e LUIS ALBERTO MORENO CORRÊA; as brasileiras MARIA IVONE BRAECKMAN e NAILA TALUÁ TOSTA DE FREITAS; e o argentino MIGUEL ARMANDO VILABELA). Apenas 6 (seis) foram presos (os chilenos MAURICIO HERNANDEZ NORAMBUENA, ALFREDO CANALES MORENO, MARCOS ANTONIO RODOLFO RODRIGUEZ ORTEGA; os colombianos WILLIAM GAONA BECERRA e MARTHA UREGO GERMANO MEJIA; e a argentina naturalizada espanhola KARINA DANA GERMANO LOPEZ), perfazendo um total de 15 (quinze) seqüestradores identificados ou parcialmente identificados. Todavia, um desses retratos falados, divulgado em 15 de março, é muito semelhante ao divulgado em 07 de fevereiro de 2002, sugerindo que pertenceriam a uma mesma pessoa: RICARDO PALMA SALAMANCA.
Finalmente, em 16 de março de 2002, o jornal chileno “El Mercurio” noticiou que o grupo de seqüestradores havia alugado também uma casa na cidade de ÁGUAS DE LINDÓIA, elevando para 9 (nove) as “casas de segurança” utilizadas em SÃO PAULO e arredores.
Em 21 de abril de 2002, o jornal “O Estado de São Paulo” publicou uma longa matéria sobre o seqüestro de WASHINGTON OLIVETTO. Os dados a seguir foram transcritos dessa reportagem:
Do seqüestro participaram “Pancho”, “Cristian” e “Antonio”, codinomes utilizados por militantes não identificados.
O grupo que seqüestrou OLIVETTO exigiu um resgate de US$ 18,5 milhões.
Um manual completo do EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL (ELN) estava em poder de MAURÍCIO HERNANDEZ NORAMBUENA. Essa é a primeira prova da conexão entre os seqüestradores e o segundo maior grupo da guerrilha colombiana, recordando-se que a exemplo da FRENTE PATRIÓTICA MANUEL RODRIGUEZ, o ELN tem ligações históricas com CUBA, onde um grupo de militantes da Organização discutiu um cessar-fogo com membros do governo colombiano. O documento apreendido é intitulado “Constituição dos Milicianos”. A apreensão desse Manual, encontrado em um dos computadores apreendidos, pode explicar o fato de dois dos seqüestradores de OLIVETTO presos pela Polícia serem colombianos: MARTHA LIGIA URREGO MEJIA e WILLIAM GAONA BECERRA.
Esteganografia é a denominação de um dos sistemas utilizados pelos seqüestradores para criptografar as mensagens enviadas pelo correio eletrônico ao exterior. Esse método consiste em mesclar as mensagens escritas com imagens, como fotos no computador. Assim, impedem sua leitura por pessoas que não tenham a senha para transformar as imagens em textos. Quando alguém quebra a primeira senha criptografada, abrindo o arquivo, depara-se com a foto de uma mulher nua. A mensagem escrita está “escondida” pela foto. A operação para criptografá-la é relativamente simples, mas o processo para desvendar as senhas pode levar até anos. Esse sistema é o mesmo utilizado pela AL-QAEDA. O programa para executar a criptografia está disponível na Internet.
MAURÍCIO HERNANDEZ NORAMBUENA utilizava um número de telefone do MÉXICO no programa de discagem que possuía no computador, a fim de conectar-se à Internet. Além da esteganografia, NORAMBUENA criptografava suas mensagens e programas com outro programa de fácil acesso aos internautas: o PGP.
Com base nas informações dos computadores, a Polícia descobriu que o comando da FPMR não mantinha contatos somente no MÉXICO. Há suspeitas de que o grupo tivesse ligações na GUATEMALA, COLÔMBIA, ARGENTINA, VENEZUELA e CUBA, pois em um dos passaportes falsificados utilizados por NORAMBUENA havia um visto cubano verdadeiro. Estima-se que, na época, apenas 20% dos arquivos tenham sido abertos.
A “Operação Átila”, nome código do seqüestro de WASHINGTON OLIVETTO, foi preparada em três etapas e somente a vigilância direta em SÃO PAUOLO e no RIO DE JANEIRO ocupou duas dessas etapas, levando um total de 48 dias. Diante da sede da agência de publicidade W/Brasil revezaram-se seis seqüestradores, que viram o “objetivo” 17 vezes em 5 carros diferentes, de óculos e sem óculos e lendo jornal. Os homens da FPMR chegavam ao local às 17:00 e saíam às 20:00 horas.
Nos documentos apreendidos consta que a primeira fase da “Operação Átila” – o pré-levantamento de dados – foi feita pela militante de codinome “Maité”, codinome utilizado pela colombiana MARTHA LIGIA URREGO MEJIA, que utilizava um falso passaporte argentino com o nome de “MAITÉ ANÁLIA BELLON”. Também através da Internet os seqüestradores colheram informações sobre WASHINGTON OLIVETTO.
A segunda fase da preparação do seqüestro foi a de “exploração do objetivo”. Consistia em vigiar de perto a vítima para preparar o momento de seqüestrá-la. Esse trabalho teve início no dia 06 de agosto de 2001 e era feito pelos seqüestradores que usavam os nomes de “Maité” e “Francisco”. Este último seria FRANCISCO BERISSA.
Os seqüestradores possuíam também uma lista de restaurantes, do RIO e SÃO PAULO, preferidos pelo publicitário (Antiquárius, Rodeo, Gelateria Parmalat e Fasano, em SÃO PAULO, e Cervantes, no RIO).
Essa fase de “exploração do objetivo” teve continuidade a partir de 24 de setembro de 2001, objetivando confirmar as informações colhidas sobre o publicitário e verificar uma possível presença da Polícia no local da W/Brasil. Essa fase consumiu 31 dias de trabalho, sendo concluída em 25 de outubro. Pelo menos 4 pessoas participaram dessa fase da operação. Seus codinomes eram “Cristian”, “Antonio”, “Pancho” e “Miguel”. Entre os documentos apreendidos pela Polícia está um passaporte argentino em nome de MIGUEL ARMANDO VILLABELA, nome falso, evidentemente. “Cristian”, “Antonio” e “Pancho” não foram identificados.
Segundo os relatórios dessa equipe, o horário mais cedo em que o “objetivo” foi visto foi às 17:38 h e o mais tarde às 19:38 h. No relatório final dessa fase consta que o “objetivo” foi visto dez vezes e que a Polícia havia passado sete vezes pelo local. Essa fase foi concluída com os seqüestradores acrescentado dados ao perfil de OLIVETTO: a revista preferida por ele era a “The Economist”; o prato predileto era arroz, feijão e pastéis e o perfume o “Pour Monsieur”, da “Chanel”.
Diariamente era feita uma reunião para a troca de informações sobre a realidade nos países dos envolvidos no seqüestro e, para melhor vigiar a Polícia, os seqüestradores possuíam uma lista completa das delegacias e das companhias da Polícia Militar em SÃO PAULO, com endereços e telefones.
Um dos seqüestradores utilizou a identidade costa-riquenha em nome de “OSCAR GABRIEL” para comprar o carro utilizado para seqüestrar OLIVETTO. Esse é mais um dos seqüestradores não identificados.
Em um documento apreendido, escrito por NORAMBUENA, consta que ele se empenharia ao máximo no cumprimento das normas para que elas “não se tornem letra morta como na vez passada”.
Diante de tudo isso, dois integrantes da FPMR são suspeitos de terem participado do seqüestro do publicitário GERALDO ALONSO, na década passada. As fotografias de PATRÍCIO ORTIZ MONTENEGRO e GALVARINO SÉRGIO APABLAZA GUERRA (“comandante Salvador”, líder máximo da FPMR desde a sua criação; nunca foi preso e especula-se que esteja refugiado em CUBA) foram reconhecidas por uma testemunha que presenciou o seqüestro de ALONSO. Ambos são suspeitos de, também, terem participado do seqüestro de OLIVETTO.
Nos computadores apreendidos há três referências aos seqüestros dos publicitários LUIZ SALLES e GERALDO ALONSO, do banqueiro ANTONIO BELTRAN MARTINEZ e do empresário ABILIO DINIZ. A Polícia desconfia que um mesmo grupo possa estar por trás de todos esses seqüestros, embora em nenhum deles fique clara a participação da FPMR. No entanto, RAIMUNDO ROSÉLIO FREIRE, brasileiro, preso quando do seqüestro de ABILIO DINIZ, afirmou que havia um acordo entre seu grupo, o MIR, com a FPMR, para que esta assumisse a autoria dos seqüestros de LUIZ SALLES e GERALDO ALONSO caso ele e seus companheiros fossem condenados por esses crimes.
O seqüestro de GERALDO ALONSO ocorreu em 08 de dezembro de 1992. Ele ficou 36 dias no cativeiro e pagou um resgate de US$ 3 milhões. No cativeiro, ALONSO teve que obedecer a regras muito semelhantes às impostas a OLIVETTO.
Segundo a Polícia, OLIVETTO não seria a única vítima do grupo no país, Sob o nome código de “Nestor”, os arquivos mostram que os seqüestradores já haviam iniciado um detalhado levantamento do novo “objetivo”, outro publicitário famoso. A Polícia encontrou ainda o nome de outro empresário nos arquivos . Proprietário de uma das maiores empresas de Segurança de SÃO PAULO, ele havia despertado a atenção porque comprara um helicóptero.
Esta não foi a primeira lista de seqüestráveis apreendida pela Polícia. Outra, semelhante, estava com o grupo que seqüestrou ABILIO DINIZ, em 1989.
Finalmente, recorde-se que chefes do MIR-POLÍTICO, de 1989 até o seu fim, em 1991, PATRICIO HERNAN RIVAS HERREROS, MANUEL TOMAS GAHONA MENESES e ROBERTO GERARDO MORENO BURGOS, assumiram publicamente, em 1997, a responsabilidade pelo seqüestro de ABILIO DINIZ.

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

http://www.alertatotal.net/2014/10/mais ... rente.html
Responder

Volver a “HUIDOS DE LA JUSTICIA - SE BUSCA”